A defesa de Francisco de Assis Pereira da Costa, réu no caso das mortes por envenenamento que chocaram o Piauí, afirma que um laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprova que ele também teria sido vítima de intoxicação por agrotóxico. O documento, segundo o advogado Herbert Assunção, será usado como prova técnica para tentar evitar que o acusado seja levado a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Exame toxicológico
O exame foi realizado em janeiro deste ano, a pedido da Polícia Civil. De acordo com o laudo, peritos encontraram resíduos do pesticida Terbufós e de seu metabólito Terbufós sulfóxido no sangue de Francisco. O Terbufós é um agrotóxico de uso agrícola que, quando ingerido, pode causar intoxicação severa e até a morte.
Para o advogado, o resultado do exame muda o rumo do caso.
“Esse laudo pericial é a prova técnica e contundente de que Francisco de Assis também foi vítima de envenenamento. O documento, inclusive, foi omitido pelo Ministério Público no momento da denúncia”, afirmou Herbert Assunção.
Segundo o defensor, o próprio delegado Abimael Silva, responsável pela investigação em Parnaíba, confirmou em juízo que o exame foi realizado e apresentou resultado positivo. Um policial militar que socorreu Francisco também relatou que o acusado apresentava sudorese intensa, mesmo dentro de uma viatura com ar-condicionado ligado — sintoma compatível com intoxicação por pesticida.
Com base nessas informações, a defesa sustenta que não há elementos suficientes para submeter Francisco ao júri popular.
“As testemunhas confirmaram o que o laudo atesta: Francisco de Assis foi vítima de envenenamento. A Justiça não pode cometer o erro de levá-lo ao Tribunal do Júri”, reforçou o advogado.
Próximos passos
Cabe agora ao juiz responsável pelo caso decidir se pronuncia o réu, o que o levaria a julgamento pelo Tribunal do Júri, ou se o impronuncia, reconhecendo falta de provas suficientes para a acusação seguir adiante.
Em setembro, Francisco foi considerado mentalmente são após exame de sanidade feito no IML. Com isso, o processo segue para a fase de instrução e julgamento, em que o magistrado analisa provas e depoimentos antes de definir se o caso será levado ao júri popular.
Relembre o caso
O crime ocorreu em 1º de janeiro, quando seis pessoas da mesma família morreram após consumir um baião de dois contaminado com Terbufós, um pesticida altamente tóxico.
Inicialmente, a suspeita era de que o veneno tivesse vindo de peixes doados à família, mas exames periciais descartaram essa hipótese. O agrotóxico foi encontrado em amostras de arroz, feijão e farinha usados no preparo da refeição.
O caso segue sendo acompanhado pela Justiça e continua sob forte comoção em todo o estado.