A Etiópia, país localizado no leste da África, está novamente enfrentando pesados conflitos internos que têm desencadeado uma onda de violência e morte nos últimos dias. Após o encerramento da guerra com os separatistas da região do Tigray, com a assinatura de uma trégua em novembro do ano passado, agora o governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed lida com uma delicada questão em Amhara, outra região do país.
Nos últimos dias, a região de Amhara tem sido alvo de sérios conflitos, com tiroteios ocorrendo em várias cidades, envolvendo tropas federais e milícias regionais, resultando na morte de ao menos cinco pessoas. Nesta quarta-feira (12), relatos indicam uma volta à normalidade em algumas cidades, como Gondar, Debre Birhan e na capital regional Bahir Dar, que foram palco dos conflitos recentes. Moradores que foram impactados pelos protestos relatam que lojas, bancos e escritórios do governo voltaram a funcionar, e o tráfego flui normalmente.
“A cidade agora está quase de volta à normalidade”, disse um morador de Debre Birhan que preferiu não se identificar. No entanto, autoridades ainda estão verificando o número de vítimas dos protestos ocorridos na terça-feira, o que indica que o número oficial de mortos pode aumentar nos próximos dias, segundo Bekele Gebre, chefe do departamento de saúde em Debre Birhan.
Um morador de Gondar, onde ocorreu um grande protesto no domingo, também relatou que a cidade está relativamente pacífica, embora não esteja claro por que as manifestações diminuíram. As autoridades impuseram toque de recolher noturno em algumas cidades, mas não o estão implementando totalmente, de acordo com o morador de Gondar.
A Etiópia é um país etnicamente fragmentado, com 11 estados formados com base linguística e cultural, que têm suas próprias forças policiais, de acordo com sua constituição. No entanto, muitas regiões têm se aproveitado de brechas legais para criar forças paramilitares que atuam fora dos limites constitucionais. Essa situação tem gerado problemas consideráveis para o governo central, especialmente durante o conflito com as forças do Tigray, que durou dois anos e foi marcado por relatos de violência excessiva e violações aos direitos humanos, supostamente cometidas por essas forças paramilitares regionais, de acordo com o governo.
Para conter os abusos, o primeiro-ministro Abiy Ahmed anunciou na semana passada que essas forças regionais seriam integradas ao exército ou à polícia. No entanto, a medida gerou protestos em todo o país, especialmente em Amhara, onde as milícias têm reagido com violência. Abiy afirmou que a mudança é em prol da unidade nacional, mas líderes e ativistas de Amhara têm acusado o governo de fechar os olhos para os acontecimentos.