“A Cidade” é o single que anuncia o lançamento do EP Esses Dias Já Foram, do artista piauiense Gabriel Cr3spo. A música que tem como temática um indivíduo lidando com a forma como aspectos negativos de uma sociedade em contexto urbano o atravessam, tem raízes no indie, inspirações no jazz e também no rock alternativo. O EP, primeiro trabalho solo do artista, está previsto para ser lançado no mês de maio e possui colaborações com os músicos Davi Abel (Produção/guitarra/synth), Pedro Ben (Guitarra/synth), Leo Mesquita (Clarinete em A Cidade), Bruno Lopes (Baixo) e Tiago Marinho (Teclado).
Capa do EP Esses Dias Já Foram, feita por Gabriela Bittencourt, artista do Rio Grande do Sul
O disco que está por vir se chama Esses Dias Já Foram e possui uma ideia que o conduz. Essa ideia é a minha percepção sobre o tempo. Percebi que parte das minhas canções possuíam essa temática em comum que as faziam criar coesão umas com as outras, às vezes até de uma forma cronológica. Foi quando me dei conta que essa deveria ser a temática do meu primeiro trabalho solo.
Gabriel Cr3spo
Segundo Gabriel, a maior parte de suas músicas falam sobre reflexões e experiências próprias, e com “A Cidade” não poderia ser de outra forma. A música é uma reflexão de como o artista se sente perante a cidade, no caso, Teresina, e como os elementos de uma sociedade urbanizada o atingem. “Não se sentir abraçado pela cidade em diversos aspectos, como estéticos, políticos, comportamentais e ideológicos; isso me motivou a compô-la. Queria criar uma canção que falasse não só por mim, mas que pudesse trazer identificação com quem quer que não se sinta acolhido pela cidade, seja ela qual for e por qual motivo que seja”, completa.
Com uma roupagem indie que flerta com diferentes gêneros musicais e segundo o músico, “algumas barulheiras dos anos 90 e da psicodelia”, o single possui inspirações que partem do trabalho de artistas como King Krule (músico inglês), e um pouco do som da banda Radiohead, e ainda, de acordo com Gabriel, possui alguma coisa de Dave Brubeck pelo meio. Tudo isso incorporado de uma forma subconsciente ao produto, mostrando a originalidade e individualidade do trabalho do músico. Os teclados, por sua vez, foram inspirados por The Holydrug Couple e um pouco de Walfredo em Busca da Simbiose.
Ela também é a música do disco que mais destoa das outras, mas não de uma forma negativa. Tenho muito orgulho dela por ter conseguido, eu acho, traduzir como eu me sentia no momento em que a compus, tanto que a escolhi para ser o single do EP.
Sobre os desafios enfrentados durante a produção do projeto, o artista cita os espaços de Teresina, que são poucos e restritos, como o principal deles. Problema esse que acaba dificultando o alcance de trabalhos como o dele. “Ser ouvido com atenção também é desafiador por aqui. É repetitivo ver o público não abraçando bandas e artistas locais, não frequentando eventos de bandas autorais, não as escutando nas plataformas digitais ou mesmo seguindo em redes sociais. Meu nicho também é bem menor que outros gêneros, então é mais difícil cativar interesse em um grande público em um primeiro momento. Mas estou esperançoso de que vou conseguir ser bem ouvido com esse disco!”, destaca.
Quando questionado sobre o que o público deve esperar de seu primeiro EP, Gabriel afirma que é um trabalho bem eclético, ao mesmo tempo que homogêneo. De acordo com ele, são canções que possuem elementos variados mas que são coesas devido aos timbres e intenções. Aos músicos que têm vontade de produzir de forma independente, a dica de Gabriel é se unir a outros aristas da cena, ele afirma que a produção de Esses Dias Já Foram só foi possível pela colaboração de amigos artistas que acabaram sendo responsáveis por tornar o seu trabalho solo no produto de um esforço coletivo.
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