Francisco das Chagas Chaves da Silva, mais conhecido como Chico, proprietário da empresa Xtreme Trader e organizador de eventos como o popular Pagode do Chico, prestou depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Ele é investigado por envolvimento em um suposto esquema de estelionato financeiro que teria causado prejuízo superior a R$ 100 milhões a centenas de investidores.
Depoimento online e temor por segurança
Conforme apuração, o advogado de Chico procurou o delegado Luciano Alcântara, responsável pelo caso, e afirmou que o cliente estava disposto a colaborar. O depoimento, realizado há cerca de 10 dias de forma virtual, ocorreu com a presença do empresário, que não revelou sua localização atual, alegando temer pela sua integridade física diante de ameaças que teria recebido de vítimas do esquema.
Supostas ameaças e investigação em andamento
Durante o depoimento, o empresário relatou ao delegado que estaria sofrendo ameaças, motivo pelo qual estaria escondido. Estima-se que cerca de 300 pessoas tenham sido prejudicadas, sendo que pelo menos 50 vítimas já foram ouvidas pelas autoridades. O delegado não descarta novos depoimentos de Chico, visto que o inquérito ainda está em fase inicial.
Como funcionava o suposto golpe?
A empresa Xtreme Trader operava com a promessa de rendimentos mensais de até 10% sobre o valor investido. Segundo relatos das vítimas, os aportes variavam de R$ 20 mil a R$ 5 milhões. O negócio atraía pela promessa de lucro fácil e pela imagem de sucesso ostentada pelo empresário nas redes sociais.
Nos primeiros anos, os pagamentos eram feitos pontualmente, o que aumentava a confiança dos investidores. No entanto, a partir de março de 2025, os repasses começaram a atrasar com frequência. Chico alegava bloqueios bancários, mas a justificativa foi desmentida após investigação dos próprios clientes. Pouco tempo depois, o empresário desapareceu, aumentando ainda mais o clima de incerteza.
Fuga internacional
Há fortes indícios de que Chico tenha deixado o país. Informações apontam que ele e a companheira estariam atualmente na França, após uma passagem por Portugal. Ainda assim, uma testemunha afirma tê-lo visto no dia 15 de maio, em um boteco nas proximidades da Avenida Maranhão, em Teresina. Na ocasião, ele teria negociado a compra de uma Land Rover via Pix, mesmo já tendo suas contas bloqueadas pela Justiça.
Situação jurídica
O empresário é investigado por crime de estelionato, associação criminosa e outras possíveis fraudes financeiras. A Justiça já determinou o bloqueio de contas e bens ligados ao seu nome. Paralelamente, novas vítimas seguem se apresentando à Polícia Civil, ampliando o alcance do caso.
As investigações continuam sob sigilo, e as autoridades pedem que possíveis vítimas ou pessoas com informações sobre o paradeiro de Francisco das Chagas entrem em contato com o GAECO ou com a Delegacia de Combate à Corrupção e aos Crimes Contra a Ordem Tributária e Econômica.