terça-feira, outubro 28, 2025
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Megaoperação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho deixa 22 mortos e mais de 80 presos

Pelo menos 2.500 agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro participam, nesta terça-feira (28), de uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV). A ação tem como objetivo prender cerca de 100 traficantes ligados à facção em comunidades dos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense.

Até o início da tarde, 20 suspeitos e dois policiais civis haviam morrido, além de nove agentes baleados e três civis atingidos por balas perdidas — entre eles, um homem em situação de rua, uma mulher dentro de uma academia e outro ferido em um ferro-velho. Mais de 80 pessoas foram presas até o momento.

De acordo com a Polícia Civil, criminosos chegaram a lançar bombas com drones contra as forças de segurança. Durante as buscas, foram apreendidos 25 fuzis, duas pistolas e nove motos. Imagens registradas por moradores mostraram traficantes fugindo em fila indiana pela parte alta da comunidade, em cenas que lembraram a ocupação do Alemão em 2010.

A Operação Contenção, como foi batizada, é uma ofensiva permanente contra o avanço do CV em comunidades do Rio. Segundo o governo estadual, o planejamento foi feito de forma autônoma, sem apoio federal.

“São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada e que vai continuar”, declarou o secretário de Segurança Pública, Victor Santos.

Impacto na rotina dos moradores

Cerca de 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas pela operação. O cotidiano da população foi amplamente prejudicado:

  • 28 escolas não abriram no Complexo do Alemão e 17 na Penha;
  • 5 unidades de saúde suspenderam o atendimento;
  • 12 linhas de ônibus tiveram trajetos desviados por segurança.

Alvos e investigações

A operação é resultado de um ano de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e envolve policiais civis, militares e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo a polícia, 30 dos alvos são criminosos vindos do Pará, transferidos para reforçar a estrutura do tráfico no Rio.

Entre os presos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, um dos principais chefes do Comando Vermelho.

Helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate foram mobilizados para dar suporte às equipes.

Estrutura do Comando Vermelho e denúncias

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico — três delas também por tortura. O Complexo da Penha é apontado como uma das principais bases de operação do CV, por sua localização estratégica próxima a vias expressas e por abrigar lideranças de outras regiões, especialmente da Zona Oeste.

Além de Doca, também foram citados como líderes Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gadernal) e Washington Cesar Braga da Silva (Grandão), responsáveis por ordenar execuções, definir escalas de traficantes e controlar as finanças das bocas de fumo.

Outros 15 homens foram identificados como gerentes e contadores do tráfico, enquanto o restante atuava como soldados armados, encarregados da vigilância e da segurança das comunidades.

A operação segue em andamento, e novas prisões não estão descartadas.

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