segunda-feira, junho 16, 2025
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Textos da Semana

ALQUIMIA DO TEMPO

as 10:40

Chegamos aos sessenta e nos damos conta de que deveríamos ter permanecido na infância, porque ela nunca nos abandonou. Apesar dos pesares, ela continua impregnada nas ruelas da nossa memória. Aconteça o que acontecer, ela permanece entranhada nas veredas da nossa reminiscência. Fazemos um passeio, robusto e longo, por veredas, lágrimas, ruelas, dores, ruas, sofrimentos, caminhos, tristezas, estradas, angústias e rodovias, pelo mundo dos adultos alienados e adestrados para percebemos que deveríamos ter continuado banhando de lama em dias de chuva. Que o paletó não passou de loucura. Que bom mesmo é calção rasgado ao fundo e pé ao chão em meio à vida, que a realidade estava cravada no sorriso ingênuo dos dias de jardim de infância, que projetos para levantar parede de concreto, em meio ao asfalta, era só loucura. Que planos para o futuro, não passavam de ilusão, que calçar sapatos só asfixiava os pés. Liberdade é pé na estrada, baladeira ao pescoço, gaiola e alçapão e visgo à mão, pelada no “campim” do final da tarde… Fazemos uma volta imensa pelas vias dos dias e pela lameira da vida para entender que a vida estava no início de tudo e não no final, com seus 50 tons de cinza. Agora, o corpo não responde mais aos reflexos, o espírito, que é atemporal, continua contaminado de infância mas os joelhos estão secos e duros; O corpo é um cabide de anos e décadas, porém, o espírito é uma fonte de vida e brincadeira. O espírito quer banhar de rio, correr mundo, correr perigo, comer manga de fiapo. Contudo, o corpo quer sombra e água fresca. A criança está viva na alma, porém, o corpo está limitado. A alma quer correr, pular e gritar, enquanto o corpo está cheio de amortecedores enferrujados. Tempo, tempo, tempo…

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