Neste domingo (24), às 23hs, na Globonews, será exibido o longa-metragem “A Irmandade”, documentário dirigido por Juscelino Ribeiro e produzido por Alexandre Mello, da Framme Produções, que mostra os conflitos violentos e até mesmo morais vividos pela população das periferias de Teresina em meio a disputas de grupos rivais na região.
O documentário de longa-metragem conta a história de três jovens que usam a música para superar os problemas da violência nas comunidades carentes onde vivem. Dois são filhos de policial militar e a pressão se intensifica quando eles passam a denunciar situações de abuso e violência por parte de alguns policiais militares específicos que atuam na região do Promorar. O filme mostra o triste relato da violência entre gangues, na visão dos jovens, de pais e parentes de jovens que sofreram com toda essa situação e na visão da Polícia. E as ações que cada um tomou diante dos conflitos territoriais para mudar essa realidade.
Durante os anos de 2013 a 2015, os índices de mortes violentas no Promorar causaram uma elevação no índice de homicídios de Teresina, colocando a capital entre as cinco mais violentas do Brasil. Isso chamou a atenção da Globo News, que levou a proposta dos produtores Alexandre Mello e Paulo Fontenelle à Globo Filmes. O roteiro do filme, de Juscelino Ribeiro e Alexandre Mello, foi executado por uma equipe de profissionais majoritariamente piauienses durante quatro anos, em várias fases. A primeira delas foi o premiado curta-metragem “Deixa a Chuva Cair”, onde Juscelino, junto com a Framme, ganharam o edital “Jovem Doc Brasil”, em primeiro lugar no Nordeste.
No filme são mostrados todos os lados dessa história: o de quem pratica os crimes, o de quem tenta combatê-lo, o de quem sofre com ele e que ações toma diante das tragédias. É o caso de Robson Guerra, pai de Felipe Guerra, de 10 anos que foi assassinado na porta de casa. Robson, não tomou o caminho do ódio. Em um movimento de paz, chamou outros pais que perderam seus filhos no conflito a perdoarem seus assassinos e caminharam de mãos dadas em uma grande caminhada pela paz na Avenida Ulisses Guimarães. Depois dessa caminhada, pela primeira vez em cinco anos o Promorar não teve uma morte violenta durante 60 dias diretos.
Apesar de mostrar uma situação de abuso e truculência policial, o filme mostra não só a versão dos jovens, mas também a da Polícia e seus esforços para mudar isso. O secretário Fábio Abreu é um dos entrevistados, pois atuava como Capitão da Rone no Promorar durante os confrontos. Iniciativas de policiais militares, como o Pelotão Mirim, que atua junto a crianças e adolescentes da região dando noções de disciplina e civilidade, reconhecidas pela comunidade, também tem destaque no filme. Ao fim, apesar da violência, o filme traz luz e esperança para quem o assiste.
Sinopse
O filme “A Irmandade” acontece na região do grande Promorar, zona Sul de Teresina, que enfrenta uma crise de violência há muitas décadas, fruto principalmente da briga entre gangues. O ápice dessa crise aconteceu entre 2014 e 2015, impactando com seus números o Atlas da Violência, produzido pela Fórum Nacional de Segurança Pública, colocando Teresina entre as capitais mais violentas do Brasil durante esse período. As duas gangues mais truculentas trabalhavam de maneira territorial nas Vilas São José e Santa Cruz. Cruzar a fronteira de um lado para o outro poderia significar risco de vida.
A “Irmandade” surge nesse contexto: dois irmãos, moradores da Vila São José, se uniram a outro jovem da Vila Santa Cruz para formar um grupo de Rap. O seu objetivo: através da música, buscar um caminho de conscientização e acabar com a guerra entre as gangues ou o envolvimento prematuro de crianças e jovens nesse conflito.
O filme mostra também a iniciativa de pais de crianças e jovens assassinadas para obter o perdão e acabar com as vinganças. Isso gerou, pela primeira vez no Promorar, uma trégua de 60 dias sem nenhuma morte. No longa é mostrado ainda o trabalho do Pelotão Mirim, iniciativa voluntária de policiais para educar os jovens e fazer com que seus pais participem de forma mais presente da vida dos filhos.
É retratado também no longa o período de endurecimento de rondas ostensivas, que atingiu toda a comunidade, e o preconceito a que todos os moradores estão sujeitos. As ações da polícia, para buscar um tratamento mais humanizado ao combater o crime e a violência, são retratadas no filme. Com autorização da Polícia, foram acompanhadas algumas abordagens dentro da comunidade e são relatadas as mortes e dificuldades que os policiais enfrentam, principalmente pelo baixo efetivo, remuneração e condições de trabalho. Toda essa situação é mostrada no filme, deixando que cada telespectador tire suas conclusões sobre o cenário e história retratados.
“A “Irmandade” não escolhe lados. Ela documenta e deixa o espectador tomar suas próprias conclusões. O filme demonstra o poder que o jovem de periferia tem ao se expressar através da arte e que isso faz a diferença e que a união da comunidade em torno da paz, também faz. Que o estado deve ter um papel ativo e equilibrado nesse processo. E que encontrar o equilíbrio entre força e serviço, é um objetivo da Polícia que deve ser fiscalizado pela população para que abusos sejam evitados”, explica Juscelino Ribeiro, diretor do longa-metragem.
Direção
O filme, assim como o curta, é dirigido por Juscelino Ribeiro, jornalista por formação, há três anos atua como diretor e roteirista. Juscelino foi selecionado como melhor roteirista jovem e junto com a Framme, premiado com parte dos Recursos para executar Deixa a Chuva Cair, com 20 minutos de duração.
Alexandre Mello é diretor, roteirista e produtor, na Framme Produções. No Irmandade, divide o roteiro com Juscelino e atuou como Produtor Executivo.